terça-feira, 27 de abril de 2010

Conclusão

Apesar de todos os danos gerados ao meio ambiente devido à não reciclagem do lixo eletrônico, a reciclagem ainda está pouco difundida. O rápido avanço da tecnologia torna muitos aparelhos obsoletos em um curto espaço de tempo, e falta de orientação faz com que o descarte desses aparelhos seja feita em lugares inapropriados. Os ainda altos custos na hora de reciclar fazem com que muitas empresas percam o interesse na reciclagem e as poucas que existem são muito específicas no tipo de material a ser reciclado, como metal, por exemplo, deixando de lado outros materiais como o plástico.
No nosso país, considerado pela ONU como o líder em produção desse tipo de lixo dentre os países emergentes, a falta de políticas públicas formam uma barreira que impedem uma organização de como se deve reciclar tal lixo, na grande maioria a reciclagem é feita de forma precária e o material a ser reciclado acaba perdendo sua potencialidade resultando em menos componentes reciclados. Porém, algumas medidas começaram aparecer, como o multirão de lixo eletrônico realizado em São Paulo.
Assim, a reciclagem depende não só de políticas públicas, mas principalmente de uma educação ambiental que deve fazer parte da nossa cultura, a fim de mostrar a todas as gerações a importância e os benefícios que a reciclagem traz para o meio ambiente.

Visitação

Depois de dias procurando, fomos informados que havia um local no centro de Santo André onde se fazia reciclagem de peças de computador usadas. Entramos em contato e agendamos a visita. O local está indicado no mapa.


Chegando lá, ao contrário do que imaginávamos, era uma simples papelaria, mas as motherboards na prateleira nos confirmavam que este era o lugar certo. Após alguma espera, fomos atendidos pelo responsável pela reciclagem, o Heitor.
Ele nos explicou como era feita a reciclagem naquele local. O processo descrito é bastante simples, os componentes são retirados à mão, sem nenhum pré-tratamento. É o chamado “cherry-picking”. As peças são retiradas e o que ele não consegue manipular, ele encaminha para empresas que fazem processos mais sofisticados, com tratamento químico e trituradores.
Perguntamos se era uma atividade rentável, e ele afirmou que sim, é possível viver de maneira digna trabalhando apenas com reciclagem de eletrônicos, diferentemente de um catador de lixo comum, que recebe em geral apenas o suficiente para sobreviver.
Quando perguntamos quando que ele iniciou esse tipo de atividade, ele nos contou um pouco da história dele. Ele era dono de uma loja de informática, e quando tinha que descartar material, a instrução que recebia era para jogar em qualquer lugar, ninguém se importava com essa questão do e-lixo. Um dia ele foi em busca do descarte correto, e acabou descobrindo que poderia ganhar dinheiro com isso, e há 4 anos ele vive da reciclagem desse lixo. Seus clientes são geralmente lojas de informática e empresas, buscando também o descarte correto. Ele admite: “é uma pena que se pode ganhar dinheiro com isso nesse país”, mas está ciente de que presta um serviço à sociedade, apesar de ganhar com isso.
Ele nos mostrou o interior da loja, onde tiramos algumas fotos. Explicou mais um pouco sobre diferentes materiais e seus destinos.

Como é feita a reciclagem do lixo eletrônico.

A reciclagem do e-lixo consiste em 3 passos fundamentais: coleta, desmontagem/pré-processamento e refinação (processo final). Sendo mostrado na figura abaixo. Para cada passo há uma empresa ou pessoa especializada, sendo a eficiência dependente de cada uma dessas etapas.


Figura 1: Processo de reciclagem.

A coleta do e-lixo é a parte mais crucial, pois determina o montante de material a ser reciclado. Essa etapa pode ser comparada ao carroceiro de rua que separa o papelão, latas, entre outros. Mas, nesse caso, a pessoa que faz a coleta pega o material, por exemplo, o computador, e retira a placa mãe, memória RAM, etc (partes que contém grande quantidade de metal precioso) e a manda para uma empresa de reciclagem mais especializada, onde será feita a desmontagem.

O foco da desmontagem/pré-processamento é liberar os materiais e encaminhá-los para processos adequados de tratamento final. As substâncias perigosas devem ser retiradas, armazenadas ou tratadas de forma segura, enquanto componentes valiosos/materiais deverão ser retirados para reutilização ou para ser direcionado para processos de recuperação. Isto inclui a remoção de baterias, capacitores, para então ir para o pré-tratamento. Baterias dos dispositivos podem ser enviadas para instalações específicas para a recuperação do cobalto, níquel e cobre.

A refinação de metais após o pré-tratamento ocorre em três principais destinos: os pedaços de ferro são direcionados para usinas siderúrgicas, os pedaços de alumínio vão para fundições de alumínio, enquanto pedaços de cobre, chumbo, circuitos e outros metais preciosos vão para fundições de metal, que recuperam os metais preciosos, cobre e outros metais não-ferrosos, enquanto isola as substâncias perigosas. Por fim, há a reutilização desses materiais.

Por que vale a pena reciclar.

Em meados de 2008, o Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP fez coletas do lixo eletrônico existente dentro do próprio CCE. Todos os participantes desse centro levaram os equipamentos de suas casas e, desse modo, juntaram 5 toneladas de produtos descartados. Quando ofereceram esse lixo para empresas de reciclagem, eles descobriram que a quantia paga por esse montate foi de apenas R$1200.

Perceberam, então, que as empresas de reciclagem se interessam apenas por um tipo de material, por exemplo, se o foco de uma empresa for metal precioso, ela não vai se interessar em pagar pelo plástico usado em computadores, celulares, entre outros. Tereza Cristina Carvalho, diretora CCE da USP, afirma que um computador desmontado pode valer de R$ 24 a R$ 40 (contra R$ 1,2 mil de 5 toneladas de equipamentos que não estavam adequadamente separados). Completo, cada PC pesa cerca de 10 kg. [2]

Um estudo divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica que, a cada ano, um único brasileiro descarta em média 0,5 kg de lixo eletrônico referente a computadores pessoais. O Brasil também é um grande produtor de lixo eletrônico no descarte de aparelhos de TV (0,7 kg por pessoa ao ano) e de geladeira (0,4 kg per capta ao ano). [2]

Com tanto e-lixo acumulado, algumas pessoas já descobriram oportunidades de se ganhar a vida com o uso dessa nova sucata. Metais preciosos, como a prata e o ouro, além de valiosos, podem ser 98% reutilizados. Uma das maiores empresas de reciclagem da Itália, a Geodis Logistics, garante que 94% dos componentes de um microcomputador são reaproveitáveis. [1]


Figura 2: Tabela com os materiais utilizados em um PC.

Já uma tonelada de celulares usados, ou cerca de seis mil aparelhos, contém por volta de 3,5 quilos de prata, 340 gramas de ouro, 140 gramas de paládio e 130 quilos de cobre, informou a StEP (Solving the E-waste Problem). Uma bateria de celular contém mais 3,5 gramas de cobre. "O valor combinado desses metais supera os 15 mil dólares, a preços atuais" afirmou a organização. [3]
Referências

[1] http://www.educacional.com.br/noticiacomentada/020503_not01.asp

[2] http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/04/01/usp.jhtm

[3] http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/09/16/ult3949u6615.jhtm

Visão sobre a Reciclagem no Brasil

Recentemente, iniciativas tanto governamentais quanto de empresas e ONGs vêm surgindo na tentativa de promover a circulação desse material, dos armários para as indústrias, a chamada reciclagem do lixo eletrônico.
No Brasil, pouco se sabe sobre o destino do lixo eletrônico. Sabe-se que praticamente não há políticas públicas que abordam esse tema. Os dados também são escassos – inclusive dados sobre vendas ou entrada de produtos no mercado. Porém, um estudo da ONU indica que o país um dos líderes em produção de lixo eletrônico dentre os países emergentes [1]. E sabe-se que o descarte nem sempre é feito de maneira correta. A parte do e-lixo que é reciclada, muitas vezes é feita de maneira informal, utilizando métodos e mão de obra pouco especializada, não aproveitando todo o potencial do material e tornando o processo menos eficiente (menor extração de riqueza por peso do produto). Ainda sim, o processo é lucrativo e importante: já é um começo.
Apesar de escassas, aos poucos surgem iniciativas como a do Cedir, (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática na USP mais informações em [2,3] ) que buscam divulgar e facilitar o descarte de lixo; o Metareciclagem, que surge também associado ao movimento do software livre [5], e da iniciativa privada surge Descarte Certo [4]. Claro que todas têm suas peculiaridades, mas todas têm esse objetivo em comum.
Um pouco atrasado, mas também acompanhando o assunto, que vem ganhando crescente importância, o Governo de São Paulo introduz o “multirão do lixo eletrônico”.

video:

http://www.youtube.com/watch?v=W1U1KaFXOHE


[1] http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=612&ArticleID=6471&l=en&t=long
[2] http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/04/01/usp.jhtm
[3] http://www.cce.usp.br/?q=node/266
[4] http://www.descartecerto.com.br/
[5] http://rede.metareciclagem.org

Descarte indevido e intoxicação

Segundo um estudo da Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA), os equipamentos eletrônicos quebrados ou desatualizados consumidos nos EUA têm três destinos: no fundo do armário, em incineradores e, crescendo significativamente, exportado para a China, Índia, Paquistão e alguns países da África.

O EPA ainda estima que até 80% dos equipamentos destinados à reciclagem nos EUA são exportados para esses países, onde o processo de separação dos materiais, como já dito antes nesse blog, são realizados em condições precárias de trabalho e com altos índices de intoxicação. O Greenpeace aponta que só em Nova Delhi, Índia, mais de 25.000 trabalham reciclam eletro-eletrônicos, enquanto que na China a cifra chega a mais de 100.000 pessoas, incluindo crianças.[1]

A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que até 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são jogadas anualmente no lixo em todo o mundo. O custo para se reciclar apropriadamente um velho monitor CRT na Alemanha é de 3,50 euros (R$ 9,20). Mas o envio do mesmo monitor para Gana em um contêiner de navio custa apenas 1,50 euro (R$ 3,80).

Em Gana, os montes de equipamentos despejados são separados na maioria das vezes por crianças, placas eletrônicas, cabos e outros dispositivos são queimados afim de recuperar os metais como cobre e ouro. O grande problema é que ao queimar estes equipamentos uma fumaça tóxica é liberada, não só as crianças que estão ali mas também a comunidade da favela próxima sofrem com o efeito das toxinas.[2]

Cito aqui alguns exemplos de elementos tóxicos presentes no lixo eletrônico e o que eles podem causar:
Arsênio - pode causar problemas na comunicação entre células e interferir nos gatilhos que geram crescimento celular, possivelmente contribuindo para doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, em caso de exposição crônica.
Cádmio - afeta a capacidade do corpo de metabolizar cálcio, o que leva a dores ósseas e a ossos frágeis e gravemente enfraquecidos.
Cromo - causa irritações de pele e é potencialmente carcinógeno.
Cobre - pode irritar a garganta e os pulmões e afetar os rins, o fígado e outros órgãos.
Chumbo - o envenenamento por chumbo pode causar sérios problemas de saúde, entre os quais redução da capacidade cognitiva e verbal. Em última análise, a exposição ao chumbo pode causar paralisia, coma e morte.
Níquel - em dosagem alta, é carcinógeno. [3]

[1] http://www.lixoeletronico.org
[2] http://www.geledes.org.br/a-africa-e-suas-lutas/computadores-descartados-pela-europa-envenenam-criancas-na-africa.html
[3] http://ambiente.hsw.uol.com.br/lixo-eletronico1.htm

A Importância da Reciclagem

Alguns dados interessantes:

Estima-se que, em 2005 entraram no mercado da União Européia (UE) cerca de 48 milhões de computadores pessoais e 32 milhões de TVs. Em 2006, entraram no mercado norte-americano mais de 34 milhões de TVs e 24 milhões de PCs. [1]

A GSM Association estima que, também em 2006, foram vendidos quase 900 milhões de celulares no mundo.[2]

A produção e o consumo de aparelhos eletrônicos estão em plena expansão graças a avanços na tecnologia e na expansão dos mercados. Porém, a sociedade paga um preço por isso: o também intenso aumento no volume de lixo eletrônico (e-waste). O maior problema no acúmulo de e-waste são os danos que ele pode causar devido à sua composição. Diversos metais como: Ouro, Prata, Cobre, Chumbo e Platina estão contidos nos aparelhos eletrônicos descartados, e a má administração deste lixo pode causar grandes danos ambientais tais como contaminação de solo e de pessoas próximas. Sem contar que a reciclagem feita de maneira incorreta, i.e. por incineração, pode ser ainda mais poluidora.

Todavia, o maior problema do não-aproveitamento do lixo eletrônico é que isso pode causar a depleção dos recursos utilizados na fabricação de componentes. Cerca de 60 elementos diferentes são utilizados na fabricação de eletrônicos, e para alguns destes elementos, a indústria de eletrônicos é a maior consumidora, de modo a aumentar muito a demanda por estes materiais.

Para se ter uma noção do impacto dos eletrônicos na economia (mais especificamente no mercado dos metais), eletrônicos são responsáveis por 80% da demanda de Indio(Usado em telas LCD); e 80% da demanda de Rutênio (Usado em HDs); Além de ter considerável impacto na demanda de Cobre (15%), Ouro e Prata(3%)


Impacto dos metais no mercado global. Dados de 2006

[1] European Commission, Draft proposal for a European parliament and council directive on waste electric and electronic equipment ,Bruxelas ,2000 ,Bélgica.

[2]http://www.gsmworld.com/documents/health/research/GSMA_200610_MobileLifecycles_Sum_English_Final.pdf, acessado em 23/04/2010.

[3]http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=612&ArticleID=6471&l=en&t=long , acessado em 23/04/2010.

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Lixo eletrônico é aquele equipamento eletrônico que não possui mais utilidade, também conhecido como “e-lixo”. São materiais como pilhas, baterias, celulares, computadores, televisores, DVDs, CDs, rádios, lâmpadas fluorescentes entre outros, que muitas vezes não são descartados de maneira adequada, e chegam a aterros comuns e contaminam o solo e as águas, trazendo riscos para o meio ambiente e para a saúde humana.


O principal motivo do crescimento do lixo eletrônico é que: a indústria lança rapidamente novos modelos, tornando os anteriores obsoletos, gerando uma substituição precoce dos aparelhos, onde aparelhos em perfeito estado de uso são descartados.

O Greenpeace, estima que são produzidos, todos os anos, cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico, que correspondem a 5% de todo o resíduo produzido na Terra. Isso representa um volume suficiente para lotar uma locomotiva, com vagões que dariam a volta ao mundo.

O lado positivo é que boa parte deste lixo pode ser reutilizado em equipamentos novos ou reciclado em outros produtos. Por isso, é importante que as pessoas dêem um destino adequado ao seu lixo eletrônico.

Celulares, pilhas e baterias são fáceis de descartar corretamente, as lojas de operadoras de celular recebem esse tipo de material, e por ser pouco volumoso não gera grandes transtornos para ser entregue.

Também é possível encontrar um destino adequado para os outros eletrônicos como computadores, monitores, rádios, liquidificadores, microondas, etc. Nesses casos devem-se procurar lugares que aceitam doações desses materiais, ou até pagam por eles.

Em breve mostraremos mais informações sobre quais destinos este tipo de lixo pode tomar depois do descarte adequado, e de como um problema pode vir a trazer benefícios podem trazer para sociedade.